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Academia Brasileira de Cinema

Pioneira. Talvez esta seja a palavra que mais se repita na biografia da atriz Ruth de Souza.  Primeira atriz negra a representar no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, em 1945. Pioneira da TV brasileira na qual atuou em programas de variedades e musicais. Pioneira no teatro na TV com a peça “O filho pródigo”. Pioneira, ao lado de Milton Gonçalves e Aída Lerner, na criação de uma família negra de classe média na novela “Mandala”, de Dias Gomes, em 1987. E por aí vai. Por caminhos inimagináveis pela menina nascida, na década de 20, no Engenho de Dentro, filha de um casal de um lavrador com uma lavadeira.

A paixão começou com o cinema. Fonte do desejo de se tornar atriz em um país onde os artistas eram, em sua grande maioria, brancos.  Mas o Teatro Experimental do Negro, criado por Abdias do Nascimento e Agnaldo Camargo, foi o ponto de partida para Ruth que a levou à estreia no Municipal em “O Imperador Jones”, de Eugene O´Neil.  Apenas três anos depois, ela ganhou uma bolsa de estudos da Fundação Rockfeller para Howard University, exclusiva para negros, em Washington, partindo em seguida para a escola de teatro Karamu House, em Ohio. Pouco antes de partir, havia estreado no cinema, seara na qual estrelou mais de 30 filmes.

Com uma carreira que transita entre a tela grande e a tela pequena, Ruth de Souza ganhou popularidade através das novelas de TV e reconhecimento artístico através das produções para o cinema.  Em 1954, concorreu ao prêmio de melhor atriz no Festival de Veneza pelo filme “Sinhá Moça”, de Tom Payne e, mais recentemente, foi premiada no Festival de Gramado, de 2004, pelo trabalho em “As filhas do vento”, de Joel Zito Araújo.

Carreira invejável que a menina Ruth não podia nem mesmo imaginar… Mas que soube, como ninguém, construir!

Roberto Santos foi assistente de direção, produtor, roteirista, diretor e ainda teve a generosidade de compartilhar tudo que aprendeu ministrando aulas.  Afinal, ele é um daqueles que desde cedo foi seduzido pelo cinema através dos estudos que se iniciaram Centro de Estudos Cinematográficos de São Paulo, mantido pela Prefeitura, sob a coordenação de Alberto Cavalcanti nos idos da década de 50, foi quando decidiu abandonar as faculdades de Filosofia e Arquitetura e foi trabalhar nos estúdios da Multifilmes, na Companhia Vera Cruz e na Brasil Filmes.

Seria uma década e tanto para Roberto. Em 52, I Congresso Paulista do Cinema Brasileiro discutia a falta de brasilidade nas obras nacionais. Tema caro aos jovens Nelson Pereira dos Santos e Hélio Silva com os quais Roberto logo travou amizade. Em 53, estreou como assistente de direção em “O Homem dos Papagaios”, de Armando Conto. A partir daí foi só emendando trabalhos: esteve em “O Craque” e “Chamas no Cafezal”, de José Carlos Burle, ambos de 54. Depois fez “Paixão de Gaúcho” (1957), de Walter George Dürst, no mesmo ano em que dirigiria “Usina Votuporanga”, “Bahia com H”, “Viadutos de São Paulo”.  Ensaios para a estreia no longa-metragem com “O Grande Momento” (1957/58), realizado nos estúdios da Maristela, em regime de mutirão e lançando na tela grande nomes como Gianfrancesco Guarnieri e Milton Gonçalves.

Muitas outras produções seriam dirigidas por ele como “A Hora e a Vez de Augusto Matraga” (1965), baseada no conto de João Guimarães Rosa, com Leonardo Vilar encabeçando o elenco e música de Geraldo Vandré. Filme que venceu o I Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e representou o Brasil no Festival de Cannes em 1966.

Nos anos 60 também se experimentou no roteiro com “Gimba, Presidente dos Valentes” (1963), de Flávio Rangel; “Juliana do Amor Perdido” (1969/70), de Sérgio Ricardo; “O Predileto” (1974), de Roberto Palmari; “Ponto Final” (1975) e “Parada 88, Limite de Alerta” (1977), ambos de José Anchieta Costa. Na mesma década também iniciou carreira como montador com “Subterrâneos do Futebol”, de Maurice Capovilla e “Viramundo”, de Geraldo Sarno, ambos em 1964/65.

Sua participação nas produções nacionais, em diversas atividades, se multiplicou ao longo das décadas, mesmo sendo sufocado pelo regime militar que o impediu de representar o Brasil no Festival de Berlim, em 1971, com “Vozes do medo”. Acabou se afastando do cinema e se aproximando da televisão indo fazer séries na  TV Cultura de São Paulo e, em seguida, trabalhando na TV Globo onde realizou vários documentários e adaptou obras literárias como “Sarapalha”, de João Guimarães Rosa, “O Poço”, de Mário de Andrade e “Antes do Baile Verde”, de Lygia Fagundes Telles. Acabou também aceitando o convite de Rudá de Andrade para dar aulas no recém-criado Curso de Cinema da USP (Universidade de São Paulo).

Em 1975, volta ao cinema com “As Três Mortes de Solano”, baseado no conto “A Caçada”, de Lygia Fagundes Telles, primeiro longa-metragem realizado com os alunos da USP.  Roberto Santos continuaria a produzir até final dos anos 80, quando, ao voltar do Festival de Gramado, sofreu um infarto.

 

Carlos Reichenbach, Carlão, meu maior amigo, meu maior parceiro, meu ideal de cinema, com quem tudo aprendi.
Um homem muito grande com uma generosidade também tão grande quanto o seu tamanho e o tamanho de suas mãos.
Mãos grandes que afagavam lápis e papel para escrever os seus roteiros de uma única versão, pois Carlão não escrevia várias versões de roteiro.

Este grande homem foi um dos maiores cineastas deste país e dividiu o seu cinema extremamente criativo com todos, e fazia com que todos também realizassem os seus cinemas e os seus sonhos.
Aí está a sua generosidade: dividir seu talento, responsabilidades e arte com todos.

Era um cinema mais pensativo, porém, bastante criativo, e que falava de uma São Paulo e seus personagens extremamente íntimos deste diretor, os quais amava e olhava o tempo inteiro em suas caminhadas pelo bairro de Higienópolis e pela Paulista, entrando e saindo de cinemas e parando em algumas bancas de jornais que era outro grande atrativo para o mestre Reichenbach.

Reichenbach partiu, mas deixa o seu legado importantíssimo para todos nós e para mim especialmente, um aprendizado e um ensinamento de cinema e de vida que jamais pensei ter em minha vida.

Obrigada, Carlão. Obrigada pelo seu cinema e obrigada pela sua generosidade.

Vamos estar sempre juntos com você no coração.

Sara Silveira

 

Talvez o que melhor defina a obra de Carlos Oscar Reichenbach Filho seja a ideia de fazer dialogar o erudito e o popular. Missão nada fácil, mas para a qual era necessária a paixão. Paixão pelo cinema que já se manifestou tão cedo nos muitos e longos percursos de bicicleta que fazia pela cidade de São Paulo, quando ainda garoto, para conhecer todas as salas de exibição. Na São Paulo que não era sua cidade natal – afinal, nascera, em 1945, em Porto Alegre – mas para a qual se mudou logo no primeiro ano de vida e onde trilharia seu caminho profissional se tornando um dos principais nomes da cinematografia paulista. Uma trajetória que começou na Escola Superior de Cinema São Luiz, espaço de troca de conhecimento com Roberto Santos, Anatol Rosenfeld, Paulo Emílio Salles Gomes, Mário Chamie, Décio Pignatari e Luiz Sérgio Person, seus mestres. E com Ana Carolina, Rogério Sganzerla, Jairo Ferreira, Ozualdo Candeias, Fauzi Mansur, alguns de seus colegas. E ele foi parar lá, na escola, em 1965, por sugestão de outro aluno, o amigo João Callegaro. Pensava em ser roteirista, enveredou pela fotografia – apesar do alto grau de miopia que carregava – mas acabou mesmo é assumindo o papel de diretor por obra, graça e pressão de um dos seus professores: Luiz Sérgio Person que até financiou seu primeiro curta-metragem “Esta rua tão Augusta”. Mas foi outra rua que fez sua história: a Rua Triunfo onde prosperou a produção da Boca do Lixo. Era marginal, era de autor, era popular uma produção que se sintetizou em 6 curtas-metragens, 4 episódios em longas e 15 longas-metragens nas quais foi roteirista e diretor – sem contar os muitos filmes comerciais e institucionais que fotografou na primeira metade da década de 70. Ele chegou Carlos Oscar em 14 de junho e partiu no mesmo dia, 67 anos depois, conhecido como Carlão, o homem erudito de apelido popular.

Carlos Diegues nasceu em Alagoas, no estado de Maceió em 1940. E tinha apenas 6 anos quando a família de pequenos proprietários rurais se mudou para o Rio de Janeiro. Cacá foi estudar no tradicional colégio de jesuítas Santo Inácio e depois ingressou na Pontifícia Universidade Católica para cursar Direito. Logo, assume a presidência do Diretório Estudantil e funda um cineclube juntamente com seus amigos: David Neves, Arnaldo Jabor e Paulo Perdigão entre outros e Cinema Novo carioca está em formação. A integração da política com a cultura manifesta-se em outras atividades que desenvolve enquanto ainda é estudante: Cacá dirige o jornal O Metropolitano, órgão oficial da UME (União Metropolitana dos Estudantes) e junta-se ao CPC (Centro Popular de Cultura) da UNE (União Nacional dos Estudantes).

É de dentro do CPC que surgirá seu primeiro projeto de filme profissional, em 35mm, é “Escola de samba alegria de viver”, um dos episódios do longa-metragem Cinco vezes favela, produzido em 1961. Mas antes disso, Cacá já havia dado seus primeiros passos nos curtas-metragens “Fuga” e “Domingo”. E, ainda, dirigiria um novo curta, em 1967: o documentário “Oito universitários”.

O primeiro longa-metragem vai surgir em 1964, “Ganga-Zumba”, que junto com “A grande cidade” (1966) e “Os herdeiros” (1969) compõem uma trilogia de utopias para o Brasil, que vivia os duros tempos da ditadura militar. E é justamente em 1968, um ano depois do AI-5, que Cacá decide sair do país ao lado da esposa, a cantora Nara Leão.

Mas Cacá ficou pouco tempo longe. Em 1972, já estava no Brasil para lançar “Quando o carnaval chegar”, seguido de Joanna Francesa em 1973. É na década de 70, que ele virá a experimentar um de seus maiores sucessos de bilheteria: “Xica da Silva” (1976), com uma Zezé Motta exuberante e uma série de metáforas sobre a vida política do país. Esta é também a década que se encerrará com a anistia política, com novos ares para o país em todas as áreas, no entanto, inquieto em suas reflexões sobre a arte, Cacá acaba por cunhar a expressão “patrulhas ideológicas” que serve até hoje para designar qualquer tipo de cerceamento a independência da produção cultural. Ainda que refletisse, escrevesse e discutisse sobre a arte e política no país, Cacá continuava filmando e na virada dos séculos lança mais dois sucessos: “Chuvas de verão” (1978) e “Bye bye Brasil” (1980). Afinal, este era o perfil que já se revelara em seus tempos de faculdade.

Sua produção cinematográfica dos anos 80 reúne 3 filmes: “Quilombo” (1984), “Um trem para as estrelas” (1987) e “Dias melhores virão” (1989). Mas uma crise se avizinhava com os anos 90: a produção cinematográfica do Brasil tem uma drástica redução, o mercado praticamente inexiste para o filme brasileiro. A saída que Cacá Diegues encontra é buscar parceira com a televisão e realiza em 1994, junto a TV Cultura, o filme Veja esta canção. Logo, no ano seguinte, a produção começa a viver o que foi chamado de Retomada. O ano era 1995 e, logo no ano seguinte, Cacá volta às telas grandes com “Tieta do agreste” (1996) seguido de “Orfeu” (1999) e “Deus é brasileiro” (2002), 3 adaptações de grandes obras da literatura e do teatro estreitando as relações que o diretor sempre teve com as mais diversas manifestações artísticas. Mas 2006 é o ano do retorno ao roteiro original com “O maior amor do mundo” escrito por ele mesmo, marcando o reencontro com alguns de seus colaboradores como o ator José Wilker.

É em 2007, dá-se início um projeto no qual Cacá Diegues como supervisor e artífice: um novo Cinco vezes favela. Agora, roteirizado, dirigido, interpretado com equipe técnica composta por moradores de comunidades cariocas. Sob o nome de “Cinco vezes favela – Agora por nós mesmos”, o projeto promove um retorno reflexivo aos debates dos anos 60 revelando os novos tempos. Agora, não é mais o intelectual de classe média que fala sobre as favelas. Não há mais necessidade de intermediários: cada um pode falar por si mesmo. Cacá Diegues une as pontas: o artístico, o intelectual, o político encontra-se nas novas histórias que surgem nas ruas e nas telas.

UM CINEASTA EM DEFESA DO CINEMA BRASILEIRO

Ele nasceu na Argentina, passou parte da infância em Montevidéu, mas ainda menino veio viver em São Paulo. Começava, então, a amorosa relação entre Gustavo Dahl e a país que adotaria para sempre, assumindo inclusive sua nacionalidade e usando sua arma mais nobre para defini-la e defendê-la: o cinema. Seja pela produção de filmes, seja pela defesa de políticas cinematográficas.
Aos 20 anos, Gustavo Dahl entrou pela porta da frente no mundo do cinema ao ser convidado pelo crítico e cineclubista Paulo Emílio Salles Gomes para escrever no Suplemento Literário do jornal O Estado de São Paulo. Na mesma época, após ter abandonado a Faculdade de Direito, passou a presidir o cineclube do Centro Dom Vital e começou a trabalhar na Cinemateca Brasileira.
O período de formação encontra seu ápice com o recebimento de uma bolsa do governo italiano para estudar cinema no Centro Sperimentale di Cinematografia, em Roma. Lá conviveu com cineastas que seriam referência na produção do século XX como Bernardo Bertolucci, mas o mais importante foi seu encontro com um brasileiro? Paulo César Saraceni, que o colocou na trilha do Cinema Novo. Antes de voltar ao Brasil, Dahl ainda teve a oportunidade de ver o nascimento do cinema-verdade ao frequentar um curso de cinema etnográfico no Musée de l´Homme, em Paris, ministrado por Jean Rouch.

1964: o ano não era nada promissor no campo da política, mas alimentou a verve de criadores e Gustavo Dahl, já de volta ao Brasil, resolve viver no Rio de Janeiro e inicia sua carreira de montador de filmes e documentarista até dirigir “O Bravo Guerreiro”, que junto a “O desafio”, de Saraceni, e “Terra em Transe” de Glauber Rocha, formaria uma trilogia de filmes políticos da segunda fase do Cinema Novo. Seu tempo, no entanto, não era apenas dedicado aos sets e salas de montagem. Dahl também já desenvolvia uma carreira de crítico ao colaborar em revistas importantes, como a da Civilização Brasileira, e jornais, como “Opinião” e “Movimento”.

As atividades de cineasta e crítico vão se unir quando Dahl na gestão pública, a partir do momento em que ele assume a superintendência de comercialização da Embrafilme. Era 1975. Gustavo Dahl atua nas diversas áreas do mercado cinematográfica: ele produz, ele crítica, ele analisa e participa da gestão política do processo. O perfil tão completo foi considerado adequado para assumir a presidência da Agência Nacional do Cinema – ANCINE –, que ajudara a criar e fundar a partir de sua participação como relator do plano estratégico Nova Política Cinematográfica. O plano nasceu no Grupo Executivo da Indústria Cinematográfica, criado para rediscutir a participação do Estado no mercado.

Depois de sua gestão-fundadora da ANCINE, Gustavo Dahl assumiu a gerência do Centro Técnico Audiovisual – CTAv, do Ministério da Cultura. Este era a tarefa que desempenhava em 2011, quando no dia 26 de junho, enquanto assistia um filme, em Trancoso, na Bahia, sofreu um infarto fulminante.

ACADEMIA BRASILEIRA DE CINEMA, MINISTÉRIO DA CULTURA, TV GLOBO E PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO APRESENTAM.

FILME DIRIGIDO PELO ATOR SELTON MELLO CONQUISTA DOZE ESTATUETAS EM CERIMÔNIA NO THEATRO MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO.

Release e Vencedores

A décima primeira edição do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro reuniu os principais nomes do cinema nacional no Theatro Municipal do Rio de Janeiro no dia 15 de outubro de 2012. O grande vencedor da noite foi o filme “O Palhaço”, de Selton Mello, que conquistou 12 troféus Grande Otelo. “Dirigir é escrever o que sinto e expressar os meus sentimentos mais profundos. Ganhar esse prêmio (de ‘Melhor Diretor’) é como se fosse um ‘Segue aí, garoto. Vai indo!’”, comemorou Selton. A torcida pelo filme continuou no discurso de Plínio Profeta, vencedor na categoria ‘Melhor Trilha Sonora Original’: “Agora é rumo ao Oscar!”. O evento teve direção artística de Ivan Sugahara, um dos diretores teatrais mais requisitados da atualidade (“A Serpente”, “Vida, O Filme”), com cenografia do premiado Marcos Flaksman e iluminação de Paulo César Medeiros.

Ao todo, foram 25 vencedores, sendo 21 escolhidos pela Academia e três eleitos pelo voto popular. A cerimônia foi apresentada pelos atores Erom Cordeiro, Cíntia Rosa e Cristina Lago, que encenaram trechos de filmes do diretor Carlos Diegues, grande homenageado da noite que completa 50 anos de carreira (desde a estreia de seu primeiro filme “Cinco Vezes Favela”, em 1962). O diretor se emocionou com a grande surpresa da noite: após exibir um trecho do filme “Bye Bye Brasil”, um caminhão igual ao usado no longa-metragem entrou no palco, com José Wilker, Betty Faria e Zaira Zambelli na parte de trás. “Quando Roberto Farias, diretor-presidente da Academia Brasileira de Cinema, me telefonou, eu disse que era muito novinho para esse tipo de homenagem. Espero que o cinema brasileiro seja para o século XXI o que Hollywood foi para o século XX. Enquanto isso, vou fazendo minha parte”, disse Diegues.

Diretor, produtor e roteirista, o cineasta é um dos nomes mais importantes do cinema nacional desde o período do Cinema Novo. Dirigiu 17 longas-metragens e 12 curtas-metragens e ganhou mais de 20 prêmios internacionais, como o de melhor filme para “Bye Bye Brasil”, no Festival de Londres. Já o Prêmio de Preservação foi em memória ao cineasta Gustavo Dahl, falecido em junho de 2011. Diretor e crítico de cinema, ele fez parte do grupo de teóricos do Cinema Novo e esteve à frente dos principais órgãos públicos ligados à atividade audiovisual.

O público elegeu como favoritos a melhor longa-metragem estrangeiro o filme “Rio”, de Carlos Saldanha, e como melhor longa-metragem documentário, “Quebrando Tabu”, de Fernando Grostein Andrade. “O Palhaço” foi escolhido pelo voto popular como melhor longa-metragem de ficção.

O Grande Prêmio do Cinema Brasileiro é realizado pela Academia Brasileira de Cinema e pela Espaço/Z e conta com o patrocínio da TV Globo através da Lei Federal de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura e da Prefeitura do Rio de Janeiro por meio da RioFilme. A premiação tem o apoio do Globo Filmes, Canal Brasil, Cinemark, Telecine, PWC, ClearChannel, Kinoplex e UCI.

Fotos

Vencedores da edição 2012

MELHOR LONGA–METRAGEM DE FICÇÃO:
PALHAÇO, O de Selton Mello. Produção: Vania Catani por Bananeira Filmes.

MELHOR LONGA–METRAGEM DOCUMENTÁRIO:
LIXO EXTRAORDINÁRIO de João Jardim, Karen Harley e Lucy Walker. Produção: Hank Levine por O2 Filmes e Angus Aynsley por Almega Projects.

MELHOR LONGA-METRAGEM INFANTIL:
UMA PROFESSORA MUITO MALUQUINHA de André Alves Pinto e Cesar Rodrigues. Produção: Diler Trindade por Diler & Associados.

MELHOR DIREÇÃO:
SELTON MELLO por O Palhaço.

MELHOR ATRIZ:
DEBORAH SECCO como Bruna Surfistinha por Bruna Surfistinha.

MELHOR ATOR:
SELTON MELLO como Benjamim/Palhaço Pangaré por O Palhaço.

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE:
DRICA MORAES como Larissa por Bruna Surfistinha.

MELHOR ATOR COADJUVANTE:
PAULO JOSÉ como Valdemar/Palhaço Puro Sangue por O Palhaço.

MELHOR DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA:
ADRIAN TEIJIDO, ABC por O Palhaço.

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE:
CLAUDIO AMARAL PEIXOTO por O Palhaço.

MELHOR FIGURINO:
KIKA LOPES por O Palhaço.

MELHOR MAQUIAGEM:
MARLENE MOURA e RUBENS LIBÓRIO por O Palhaço.

MELHOR EFEITOS VISUAIS:
CLÁUDIO PERALTA por O Homem do Futuro.

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL:
MARCELO VINDICATTO e SELTON MELLO por O Palhaço.

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO:
ANTONIA PELLEGRINO, HOMERO OLIVETTO e JOSÉ CARVALHO por Bruna Surfistinha. Adaptado da obra “O Doce Veneno do Escorpião” de Bruna Surfistinha.

MELHOR MONTAGEM FICÇÃO:
MARILIA MORAES e SELTON MELLO por O Palhaço.

MELHOR MONTAGEM DOCUMENTÁRIO:
PEDRO KOS por Lixo Extraordinário.

MELHOR SOM:
JORGE SALDANHA, MIRIAM BIDERMAN, RICARDO REIS e RODRIGO NORONHA por O Homem do Futuro.

MELHOR TRILHA SONORA:
VLADIMIR CARVALHO por Rock Brasília.

MELHOR TRILHA SONORA ORIGINAL:
PLÍNIO PROFETA por O Palhaço.

MELHOR CURTA-METRAGEM FICÇÃO:
PRA EU DORMIR TRANQUILO dirigido por Juliana Rojas.

MELHOR CURTA-METRAGEM DOCUMENTÁRIO:
VERDADEIRA HISTÓRIA DA BAILARINA DE VERMELHO, A dirigido por Alessandra Colassanti e Samir Abujamra.

MELHOR CURTA-METRAGEM ANIMAÇÃO:
CÉU NO ANDAR DE BAIXO, O dirigido por Leonardo Cata Preta.

MELHOR LONGA-METRAGEM ESTRANGEIRO:
MEIA NOITE EM PARIS (Midnight in Paris, Ficção, EUA / Espanha) – dirigido por Woody Allen. Distribuição: Paris Filmes.

Voto Popular

MELHOR LONGA–METRAGEM DE FICÇÃO:
PALHAÇO, O de Selton Mello. Produção: Vania Catani por Bananeira Filmes.

MELHOR LONGA–METRAGEM DOCUMENTÁRIO:
QUEBRANDO O TABU de Fernando Grostein Andrade. Produção: Fernando Menocci, Silvana Tinelli e Luciano Huck por Spray Filmes.

MELHOR LONGA-METRAGEM ESTRANGEIRO:
RIO (Rio, Animação, EUA) – dirigido por Carlos Saldanha. Distribuição: Fox Film do Brasil.

GP 2012

Prêmio Especial de Preservação da décima edição do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro vai para a CINEOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto.

Pioneira no circuito de festivais a destacar em sua programação o patrimônio cinematográfico brasileiro através da exibição de clássicos de nosso cinema, a CINEOP tornou-se um importante instrumento da preservação, memória e identidade da cultura brasileira em contraponto ao cinema moderno nos mais diversos gêneros e formatos.

Além da Mostra, a CINEOP promove o Encontro de Arquivos e Acervos Audiovisuais Brasileiros que reúne profissionais de diversos estados para discutirem a criação do Plano Nacional de Preservação. Neste encontro são abordados temas relativos às políticas de preservação de imagens em movimento; desafios da preservação audiovisual em face da complexidade dos avanços tecnológicos; a preservação audiovisual na formação profissional técnica e universitária, entre outros assuntos.

Em 2008, no âmbito da Mostra, foi fundada a Associação Brasileira do Audiovisual (ABPA), que prima pela salvaguarda do patrimônio audiovisual brasileiro, instrumento essencial e estratégico do desenvolvimento da sociedade e da cultura brasileira.

Na décima edição do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, a Academia Brasileira de Cinema homenageará Lucy e Luiz Carlos Barreto, o  “casal Barretão, referência carinhosa ao casal que faz parte da história do cinema brasileiro das últimas décadas. Nas palavras de Daniel Filho, “Não existe a história de um, sem o outro. Uma estória de amor e produção.”

Lucy Barreto, musicista, formada pelo Conservatório Nacional de Paris. Luiz Carlos Barreto, jornalista profissional, repórter e fotógrafo da revista O Cruzeiro nos anos 1950 e 1960.

Desse encontro, entre a música e a fotografia, ou seja, do som e da imagem nasceu à verdadeira vocação do casal: o cinema. Esta paixão foi transferida para a família – composta pelos filhos cineastas, Fabio e Bruno Barreto e pela produtora, Paula. Juntos o casal já produziu mais de oitenta filmes entre curtas e longas metragens e possuem uma intensa atuação no mercado cinematográfico brasileiro.

Nos anos 70, Lucy passou dedicar-se inteiramente ao cinema, exercendo diferentes funções na produção, até fixar-se como produtora executiva da empresa da família – a LC Barreto. Participa em todos os aspectos da produção, desde a análise de roteiro à pós-produção e lançamento no circuito exibidor.??

Luiz Carlos Barreto é considerado um dos homens chave do chamado Cinema Novo e tornou-se um dos mais influentes produtores de cinema do Brasil. Nascido em 1928, no interior do Ceará, descobriu sua vocação cinematográfica como fotógrafo da revista O Cruzeiro nos anos 1950 e 1960.

Em 1961, iniciou no cinema com O Assalto ao Trem Pagador, filme dirigido por Roberto Farias do qual foi co-roteirista e co-produtor. Como diretor de fotografia participou de Vidas Secas de Nelson Pereira dos Santos. A partir daí, produziu diversos longas importantes como Terra em Transe, de Glauber Rocha, Memórias do Cárcere, de Nelson Pereira dos Santos, Dona Flor e Seus Dois Maridos e O Que É Isso Companheiro?, de Bruno Barreto, Bye Bye Brazil, de Cacá Diegues, Menino do Rio, de Antônio Calmon, O Quatrilho, de Fábio Barreto.

O casal se mantém ativo na formulação de políticas para a produção nacional.

MELHOR LONGA-METRAGEM DE FICÇÃO

Tropa de Elite 2 de José Padilha. Produção: José Padilha e Marcos Prado por Zazen Produções

MELHOR LONGA-METRAGEM DOCUMENTÁRIO

O Homem que Engarrafava Nuvens de Lírio Ferreira. Produção: Denise Dummont por Good Ju-ju

MELHOR LONGA-INFANTIL

Eu e Meu Guarda-Chuva de Toni Vanzolini. Produção: Toni Vanzolini, Eliana Soárez, Leonardo Monteiro de Barros, Luiz Noronha e Pedro Buarque de Hollanda por Conspiração Filmes

MELHOR DIREÇÃO

JOSÉ PADILHA, por Tropa de Elite 2

MELHOR ATRIZ

GLÓRIA PIRES como Dona Lindú, por Lula, O Filho do Brasil

MELHOR ATOR

WAGNER MOURA como Nascimento, por Tropa de Elite 2

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

CASSIA KISS como Iara, por Chico Xavier

MELHOR ATOR COADJUVANTE

ANDRE MATTOS como Dep Fortunato, por Tropa de Elite 2

CAIO BLAT como Artur, por As Melhores Coisas do Mundo

MELHOR DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA

LULA CARVALHO, por Tropa de Elite 2

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE

ADRIAN COOPER, por Quincas Berro D`Água

MELHOR FIGURINO

KIKA LOPES, por Quincas Berro D`Água

MELHOR MAQUIAGEM

ROSE VERÇOSA, por Chico Xavier

MELHOR EFEITO VISUAL

DARREN BELL, GEOFF D. E. SCOTT e RENATO TILHE, por Nosso Lar

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL

BRÁULIO MANTOVANI e JOSÉ PADILHA, por Tropa de Elite 2

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO

“As Vidas de Chico Xavier” de Marcel Souto Maior. MARCOS BERNSTEIN, AC, por Chico Xavier

MELHOR MONTAGEM FICÇÃO

DANIEL REZENDE, por Tropa de Elite 2

MELHOR MONTAGEM DOCUMENTÁRIO

RAPHAEL ALVAREZ, por Dzi Croquettes

MELHOR SOM

ALESSANDRO LAROCA, ARMANDO TORRES JR. e LEANDRO LIMA, por Tropa de Elite 2

MELHOR TRILHA SONORA

GUTO GRAÇA MELLO, por O Homem que Engarrafava Nuvens

MELHOR TRILHA SONORA ORIGINAL

JAQUES MORELENBAUM, por Olhos Azuis

MELHOR CURTA-METRAGEM FICÇÃO

Kleber Mendonça Filho, por Recife Frio

MELHOR CURTA-METRAGEM DOCUMENTÁRIO

Anna Azevedo, por Geral

MELHOR CURTA-METRAGEM DE ANIMAÇÃO

Cesar Cabral, por Tempestade

MELHOR LONGA-METRAGEM ESTRANGEIRO

Juan José Campanella. Distribuição: Europa Filmes, por O Segredo dos Seus Olhos

 

Escritora, pesquisadora, produtora, diretora e empresária do ramo cinematográfico, Alice Gonzaga é filha de Adhemar Gonzaga, fundador da Cinédia que durante as décadas de 30 e 40 foi uma das principais produtoras do país, responsável por um dos maiores sucessos de público do cinema brasileiro, o melodrama O ébrio (1946), de Gilda Abreu.

À frente da Cinédia Estúdios, Alice desenvolve um importante trabalho de preservação e recuperação de clássicos da empresa, como Lábios sem beijo (1930), de Humberto Mauro, e Alô. Alô. Carnaval! (1936), de Adhemar Gonzaga. Entre as numerosas realizações do estúdio estão 60 longas, 250 documentários, 700 cinejornais, como Mulher (1931), de Octávio Gabus Mendes, Ganga bruta (1931/32), de Humberto Mauro, Bonequinha de seda (1936), de Oduvaldo Vianna,Romance proibido (1944), de Adhemar Gonzaga, 24 horas de sonho (1941), de Chianca de Garcia, Anjo do lodo(1950), de Luiz de Barros, obras fundamentais da cinematografia brasileira.

Dirigiu os curtas-metragens Memórias do carnaval, premiado no Festival de Brasília, e Folia. Publicou os livros 50 anos de Cinédia, Gonzaga por ele mesmo e Palácios e poeiras – 100 anos de cinemas no Rio de Janeiro, a mais completa pesquisa sobre a história da exibição de cinema na cidade. Como presidente do Instituto para Preservação da Memória do Cinema Brasileiro Alice Gonzaga desenvolve ações e projetos em prol da conservação de filmes e documentos relativos a atividade cinematográfica no país.