Homenageado do GP 2013 – ROBERTO SANTOS (Post morten)
Roberto Santos foi assistente de direção, produtor, roteirista, diretor e ainda teve a generosidade de compartilhar tudo que aprendeu ministrando aulas. Afinal, ele é um daqueles que desde cedo foi seduzido pelo cinema através dos estudos que se iniciaram Centro de Estudos Cinematográficos de São Paulo, mantido pela Prefeitura, sob a coordenação de Alberto Cavalcanti nos idos da década de 50, foi quando decidiu abandonar as faculdades de Filosofia e Arquitetura e foi trabalhar nos estúdios da Multifilmes, na Companhia Vera Cruz e na Brasil Filmes.
Seria uma década e tanto para Roberto. Em 52, I Congresso Paulista do Cinema Brasileiro discutia a falta de brasilidade nas obras nacionais. Tema caro aos jovens Nelson Pereira dos Santos e Hélio Silva com os quais Roberto logo travou amizade. Em 53, estreou como assistente de direção em “O Homem dos Papagaios”, de Armando Conto. A partir daí foi só emendando trabalhos: esteve em “O Craque” e “Chamas no Cafezal”, de José Carlos Burle, ambos de 54. Depois fez “Paixão de Gaúcho” (1957), de Walter George Dürst, no mesmo ano em que dirigiria “Usina Votuporanga”, “Bahia com H”, “Viadutos de São Paulo”. Ensaios para a estreia no longa-metragem com “O Grande Momento” (1957/58), realizado nos estúdios da Maristela, em regime de mutirão e lançando na tela grande nomes como Gianfrancesco Guarnieri e Milton Gonçalves.
Muitas outras produções seriam dirigidas por ele como “A Hora e a Vez de Augusto Matraga” (1965), baseada no conto de João Guimarães Rosa, com Leonardo Vilar encabeçando o elenco e música de Geraldo Vandré. Filme que venceu o I Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e representou o Brasil no Festival de Cannes em 1966.
Nos anos 60 também se experimentou no roteiro com “Gimba, Presidente dos Valentes” (1963), de Flávio Rangel; “Juliana do Amor Perdido” (1969/70), de Sérgio Ricardo; “O Predileto” (1974), de Roberto Palmari; “Ponto Final” (1975) e “Parada 88, Limite de Alerta” (1977), ambos de José Anchieta Costa. Na mesma década também iniciou carreira como montador com “Subterrâneos do Futebol”, de Maurice Capovilla e “Viramundo”, de Geraldo Sarno, ambos em 1964/65.
Sua participação nas produções nacionais, em diversas atividades, se multiplicou ao longo das décadas, mesmo sendo sufocado pelo regime militar que o impediu de representar o Brasil no Festival de Berlim, em 1971, com “Vozes do medo”. Acabou se afastando do cinema e se aproximando da televisão indo fazer séries na TV Cultura de São Paulo e, em seguida, trabalhando na TV Globo onde realizou vários documentários e adaptou obras literárias como “Sarapalha”, de João Guimarães Rosa, “O Poço”, de Mário de Andrade e “Antes do Baile Verde”, de Lygia Fagundes Telles. Acabou também aceitando o convite de Rudá de Andrade para dar aulas no recém-criado Curso de Cinema da USP (Universidade de São Paulo).
Em 1975, volta ao cinema com “As Três Mortes de Solano”, baseado no conto “A Caçada”, de Lygia Fagundes Telles, primeiro longa-metragem realizado com os alunos da USP. Roberto Santos continuaria a produzir até final dos anos 80, quando, ao voltar do Festival de Gramado, sofreu um infarto.