Homenageado do GP 2007 / 2008 – Renato Aragão
Um filho do Nordeste brasileiro, tímido, que até os 12 anos viveu na cidade de Sobral, no Ceará e, certo dia, partiu para a capital Fortaleza com a intenção de ser artista.
Artista? Como os habitantes de sua cidade natal e sua família encarariam tal escolha? Renato optou por estudar Direito para dar uma volta no preconceito que rondava a profissão que, realmente, almejava: ser artista de cinema.
Afinal, ele havia vistos os filmes preto e branco de Charles Chaplin e admirava Oscarito, que assistiu em película inúmeras vezes – até hoje, entre seus filmes preferidos figuram Carnaval no Fogo, de 1949; e Aviso aos Navegantes, de 1950, ambos dirigidos por Watson Macedo.
Mas driblando o destino, que poderia transformá-lo em um “advogado-palhaço”, Renato Aragão, aos 25 anos, inscreveu-se em um concurso da TV Ceará para trabalhar como realizador, função que reunia as tarefas de diretor, redator e produtor de programas. E foi aí que estreou, ao vivo, realizando o Vídeo Alegre. Só que ainda era pouco. Renato Aragão decidiu estudar direção de programas no Rio de Janeiro, sendo contratado pela TV Tupi para trabalhar no humorístico
A E I O Urca. Um ano depois, ele estava na TV Excelsior, ao lado de Wanderley Cardoso, Ivon Curi e Ted Boy Marinho dando vida aos Adoráveis Trapalhões. A fórmula, nunca esquecida, renasceu, pouco mais de dez anos depois, em 1975, na volta à TV Tupi ao lado de Dedé Santana, Mussum e Zacarias. Mas ainda havia algo a realizar.
A televisão era apenas um dos caminhos em seu trajeto cuja meta sempre fora o cinema. Um cinema marcado pela experiência inaugural em Na Onda do iê iê iê, de 1966, dirigido por Aurélio Teixeira, com produção de Jarbas Barbosa. E em 1977, funda sua própria produtora – Renato Aragão Produções Artísticas – brindando, anualmente, o público com seu humor espontâneo.
Diante de uma carreira tão produtiva, Renato Aragão tem dificuldade em escolher o que fez de melhor, pois afirma que “filme é como filho”, mas destaca a preferência do público pela cena de Os Trapalhões nas Minas do Rei Salomão, de 1977, dirigido por J.B. Tanko, na qual vai enterrar o cachorro Lupa e encontra o tesouro escondido. Hoje, ao público,
Renato Aragão apenas diz: muito obrigado. E, nós, que passamos todo o tempo de uma geração a rir de Didi Mocó e sua enorme gravata, respondemos: de nada, do fundo do coração e de nossas lembranças.